Um dos maiores riscos que qualquer empresário corre é o de não saber quanto custa sua operação.
É a partir dos custos que pode-se desenvolver um planejamento de trabalho e estratégias para que a empresa tenha sucesso e maior lucratividade.
Sem saber o quanto custa manter a sua empresa, não é possível definir os preços de venda e nem acompanhar indicadores fundamentais para a gestão.
Infelizmente, muitas empresas, especialmente na área de transporte rodoviário, aplicam seus valores de fretes em conformidade com o que a concorrência cobra.
Mesmo considerando a grande competitividade do setor, é fato que os custos da empresa diferem de uma para outra, mesmo que atuem no mesmo segmento ou prestem o mesmo serviço, isso porque cada operação funciona de uma maneira diferente.
Um dos grandes vilões dos transportadores são os impostos, e o Brasil é conhecido como um dos países com maior carga tributária do mundo e entre os impostos cobrados, muitos deles incidem sobre o transporte rodoviário de cargas, sejam eles federais, estaduais ou municipais.
Porém essa alta carga tributária não se reflete na infraestrutura rodoviária do nosso país e isto provoca o aumento do tempo de transporte, custo de manutenção dos veículos, risco de roubo e furtos, risco de acidentes.
Os custos do transporte rodoviário são, portanto, os valores pagos para transportar as mercadorias de um lugar a outro de forma legal e atendendo todos os requisitos exigidos pelo mercado.
É necessário lembrar que transportar mercadorias não se resume somente a coletá-las, transportá-las e entregá-las no seu destinatário.
É nesse cenário complexo que os gestores de transporte e logística precisam tomar decisões estratégicas para calcular fretes que cubram os impostos e custos agregados de uma forma que seja competitiva no mercado e mantenha saudável a estrutura financeira da empresa.

Principais custos do transporte rodoviário de cargas
O serviço de transporte não é barato para quem contrata. Segundo uma pesquisa, as empresas brasileiras gastam em média 12,37% do seu faturamento com logística.
As transportadoras também lidam com as altas despesas que envolvem o setor. Outro resultado de uma pesquisa, realizada em 2019, indicou que a má qualidade da pavimentação nas rodovias causa um aumento médio de 26,7% nos custos de manutenção dos veículos para as transportadoras.
Custos fixos e variáveis
Existem os custos que estarão envolvidos em todas as viagens e que serão incluídos no valor do transporte, como os impostos sobre o veículo e sobre o frete. Além disso, há os seguros veiculares e a depreciação, que ocorrem sobre o caminhão com o passar do tempo.
Já no caso dos custos variáveis, eles oscilam de acordo com o uso. Eles se referem à manutenção preventiva e corretiva, à troca de pneus, ao combustível, aos gastos com pedágio e ao seguro da carga, que também é chamado de seguro de responsabilidade civil e é obrigatório a todo serviço de frete. Seu objetivo é cobrir avarias e perdas ocasionadas pela responsabilidade do transportador.
Despesas Administrativas
O gestor também deve levar em consideração as despesas indiretas, mas que se relacionam com o setor de transportes, como os custos com a administração de local e pessoal da transportadora. Eles se referem ao salário pago aos profissionais que trabalham no galpão despachando as entregas e aos responsáveis administrativos que gerenciam as entregas e faturamento. Além disso, deve-se incluir o valor do aluguel, da luz e dos impostos da empresa.
Custos relacionados ao valor
Também é preciso considerar os custos relacionados aos valores da carga transportada. Eles variam conforme origem e destino, risco de acidentes, risco de avarias e roubos e podem ser divididos em dois grupos. O primeiro deles está relacionado ao risco de acidentes e avarias, origem e destino da carga, conhecido como frete valor, ele agrega uma quantia baseada no valor da administração de seguros, indenizações por extravios, perdas e danos.
O segundo está relacionado ao custo de gerenciamento de riscos, incluindo os seguros facultativos, desvios de cargas, salários com variáveis e os investimentos em sistemas de rastreamento e gestão de riscos.
Peso e Cubagem
O peso e a cubagem também devem ser analisados. O peso define quanto o caminhão terá de gastos com combustível e o desgaste dos pneus, desta forma, as cargas de maior peso tendem a ter um custo mais elevado.
Outro ponto a ser considerado é o volume da mercadoria. Há cargas muito volumosas que preenchem muito espaço no caminhão. Caso esse volume não seja levado em consideração, a tendência é que o preço não seja justo.
Principais passos para redução de custos
Se for bem executada, a redução de custos pode aumentar ou recuperar a vantagem competitiva das empresas. Isso acontece sem causar danos à sua reputação, ou seja, a qualidade do negócio persiste. Vale ressaltar que a metodologia pode ser aplicada para transportadores e embarcadores. O objetivo principal é reduzir ou até eliminar quaisquer desperdícios e não apenas financeiros.
Mapear todos os custos da empresa
Fazer o mapeamento das despesas é o primeiro passo para iniciar a redução de custos no transporte de cargas. O objetivo é levantar as informações necessárias para otimizar os gastos, para que, em seguida, as melhorias sejam aplicadas.
Levante todas as despesas da sua empresa e em seguida descreva cada uma em uma planilha de custos, por exemplo. Esse trabalho é fundamental para o gestor de transportadora ou de empresa embarcadora ter uma visão clara de tudo que gera despesas para o negócio.
Quem é do setor de transporte terceirizado pode sentir mais dificuldade nessa tarefa, pois algumas transportadoras ainda não têm o controle otimizado dos seus custos.

Identificar fraquezas e oportunidades
Após levantar todos os custos da empresa e a documentação de cada um, fica mais fácil identificar onde estão as maiores despesas, assim como as que são desnecessárias e poderiam ser cortadas.
Quando falamos de fraquezas, trata-se de uma multa, por exemplo, que poderia ser evitada ou de um pagamento efetuado com juros, porque não se atentou à data de vencimento. E podemos mencionar como oportunidades de economia o cancelamento de um serviço que não é mais utilizado ou a redução do pacote de um plano que se encaixe melhor na sua realidade atual.
Eliminar custos defasados
Também não podemos deixar de mencionar como um meio de redução de custos no transporte de cargas, as despesas que já estão defasadas. São custos em que o seu valor pode ter mudado desde o último período em que foi analisado.
Por isso, é importante que, de tempos em tempos, tanto a transportadora quanto a empresa embarcadora façam cotações com novos fornecedores. É possível encontrar preços menores de um determinado serviço ou pagar um pouco a mais por um fornecedor que ofereça mais benefícios.
Otimizando a redução de custos no transporte de cargas
Bom, agora que você iniciou a redução de custos fazendo um bom mapeamento, identificando fraquezas, oportunidades e os custos defasados, vale a pena realizar todo esse processo e em paralelo outras ações que ajudam a otimizar a sua economia.
Controle de ociosidade
Uma dessas ações é controlar a ociosidade da frota de caminhões, que pode acontecer não apenas em casos de manutenção do veículo. Adotar um sistema de entrega dinâmico evita veículos e funcionários parados por muito tempo, assim como ter um software TMS para gestão de transporte pode ajudar a ter uma visão mais ampla de todos os fretes para planejar melhor a operação.
Indicadores de desempenho
Por último, a utilização de KPI’s (Indicadores chaves de Desempenho), uma ferramenta fundamental para a redução de custos no transporte de cargas. Com os indicadores certos, é possível medir o desempenho de um serviço como o transporte terceirizado para aplicar estratégias de economia com o fornecedor.
Portanto, em tempos que o mercado de transporte rodoviário se torna cada vez mais competitivo, ter um maior controle sobre os seus custos vai possibilitar ter um frete mais adequado e também uma maior oportunidade de crescimento.